No passado dia 15 de Dezembro, passou um ano
do infeliz incidente que vitimou 6 jovens na praia do Meco e pouco ou nada se
sabe sobre o que realmente aconteceu nessa noite no areal. A comunicação social
noticiava que estavam 5 jovens desaparecidos, havia um sobrevivente e um deles já
teria sido encontrado sem vida. “O
Comandante do Porto de Setúbal, Lopes da Costa, adiantou que, segundo a
informação do jovem, o grupo de sete amigos, três rapazes e quatro raparigas,
estaria sentado à beira-mar quando terá sido surpreendido e arrastado por uma
onda grande”. E até hoje é tudo o que se sabe.
A comunicação social acompanhou nos
dias seguintes as buscas e manteve a toada, um infeliz incidente. Lentamente começaram
a abordar este assunto de uma outra perspectiva, dando a entender que haveria
indícios de que algo de errado teria acontecido durante o fim-de-semana e noite
que aqueles jovens passaram em Alfarim. Existem de facto questões que a mim,
como espectador atento desta tragédia, me fazem confusão, que na verdade se
prendem mais com tudo o que se passou depois e não com a motivação que levou os
jovens ao areal.
Não querendo entrar em considerações
inflamadas sobre as praxes, que para mim, tal com o diz o Sérgio Godinho “…maçã
com bicho, acho eu da praxe…”, acredito que tenha acontecido pouco mais que
aquilo que é primeiramente relatado pelo Dux, 7 jovens sentados no areal
apanhados de surpresa por uma onda. Mas a ser verdade que foi apenas isto que
aconteceu, porque razão o jovem João Gouveia, uma vez restabelecido, não
se apressou a comparecer no Meco de forma a falar com os pais dos colegas? Não
seria expectável que os pais deste jovem tivessem uma atitude solidária com os
pais dos restantes jovens? Mesmo admitindo que o seu filho estivesse combalido
pelo sucedido e que essa fosse a sua principal preocupação, uma semana se
passou sem que a comunicação virasse a agulha para o seu filho, tempo mais do
que suficiente para um dos pais do Dux se tivesse deslocado ou prontificado a
comunicar com os restantes pais. Quem teve o discernimento para apressadamente
ir à casa em Alfarim arrumar as roupas, ensacando-as e entregando-as na
Lusófona? E se houve gente com esta prontidão porque raio não houve prontidão e
bom senso para fazer o que era espectável? Diz o povo, “quem não deve não teme”
e aqui parece aplica-se na perfeição. Quantos de nós, envolvidos num infeliz episódio
como este, não arredariam pé do areal, nos dias seguintes, enquanto as buscas
não terminassem? Não sabemos, mas seria expectável que assim fosse.
Não me parece aceitável diabolizar o
Dux, visto tratarem-se de 6 jovens adultos, esclarecidos e que ali estariam de
livre vontade, mas porra, sendo ele a única “vitima” que sobreviveu ao trágico
acontecimento, deveria ter sido mais homenzinho e muito melhor aconselhado. A família
do jovem demorou a reagir, deixando que o filho, que tanto quiseram proteger,
ficasse a arder na comunicação social. Quem também se portou muito mal foi a
Universidade, que preocupou-se apenas com a sua imagem e nada com os familiares
das vítimas. De recordar que os país do jovem sobrevivente, numa carta à Lusa,
escrevem que a família "agradece
o apoio disponibilizado pela Universidade desde o primeiro dia, até à presente
data", em sentido contrário os pais das vítimas dizem que da Universidade "nem
apoio psicológico, nem sequer uma palavra de conforto".
Os pais destes jovens, 1 ano depois,
ainda não sabem o que aconteceu naquela noite, ou pelo menos não o sabem da
boca de quem de direito.
Durante toda a minha vida, Meco foi
sinónimo de peixe grelhado, malta descascada e mar agitado, hoje já não…
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