terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Produção de estúpidos

            Se há coisa que Portugal tem, em grandes quantidades é gente estúpida, não são 2 nem 3 milhares, serão aproximadamente 3 a 4 milhões, o que nos coloca no top europeu da estupidez. Há países que são bons na produção industrial, outros têm altos níveis de desenvolvimento humano e social, nós somos muito bons em produzir gente estúpida, é para verem…

       No passado dia 25 de Janeiro, cerca de 100 pessoas vieram da Covilhã, em autocarros, pagaram 12€ cada, para poderem estar junto aos portões da cadeia de Évora, numa manifestação de apoio e solidariedade para com o prisioneiro nº 44. O índice de estupidez já estava bastante alto, mas há mais, traziam tarjas com frases de apoio com inscrições "Presos políticos nunca mais"  e a minha preferida "Se como um bocado de pão foi porque ele me deu pensão". Depois chegou mais um batalhão de gente estúpida, juntando cerca de 300 pessoas, e todos juntos gritaram frases de ordem como "Fascismo nunca mais", depois rodearam as letras que estão na parede 'Estabelecimento Prisional de Évora' e encheram-nas de cravos vermelhos. O mamífero organizador deste encontro de gente estúpida, um empresário (mais um) de seu nome, António Pinto, prestou as seguintes declarações "Vou para lhe dizer unicamente 'eu estou contigo independentemente daquilo que possa acontecer. Dou a cara por ti e venho trazer o meu abraço fraterno da cidade onde tu cresceste, onde foste acarinhado e onde as pessoas te consideram como homem e como amigo" faltou dizer “e onde assinaste projectos de vivendas que nunca viste a troco de bom dinheiro”.

       Fizeram 30 minutos de silêncio e depois os apoiantes do preso nº44 cantaram o hino nacional e a canção 'Grândola Vila Morena', de Zeca Afonso. Pobre Zeca, às voltas no túmulo com tamanha desfeita, por este andar ainda vou ouvir o Mário Machado do PNR a cantar a Grândola.

         A malta mobiliza-se para apoiar a Fátima Felgueiras, o Isaltino, para correr com o padre, para correr com a professora que se despiu numa revista, para apoiar o preso nº44, mas não sai de casa para se manifestar contra o estado do país. Bem que podíamos exportar cerca de 3 milhões de gente estúpida para outros países, melhorávamos a balança comercial e o ar ficava bem mais respirável, neste jardim à beira mar plantado.






quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Chamada a pagar no destinatário

         A Religião, seja ela qual for, assenta na crença individual e colectiva, vulgarmente apelidada de fé, prometendo uma reciprocidade, uma correspondência entre o “tamanho” da fé e os “benefícios” que daí poderão vir, a fé, a oração, a crença, tudo isto ajuda a realizar a encaminhar a proteger o devoto membro das agruras da vida, a fé move montanhas, era o movias. A falácia é gigante, misturando a vontade, a tenacidade o acreditar que é possível com os poderes divinos, tretas.

         Sempre que tenho conhecimento de peregrinos que são atropelados a caminho de Fátima, não consigo deixar de sorrir, não pela morte, mas pela ironia que o acontecimento encerra, um qualquer artista, percorre quilómetros e quilómetros a pé, com sacrifício (tão apreciado pela religião) com fé e devoção no tão esperado encontro com o local sagrado e vem de lá um carro, provavelmente guiado por outro crente e pumba, esbardalha-se contra o peregrino, admirável o sentido de humor deste “deus”.

         Vem isto a propósito do falecimento de Stella Maris Kriger, a argentina que estava internada no hospital de Leiria a quem o Papa Chico telefonou. Diz a diocese "Sua Santidade fez questão de lhe ligar para a abençoar", explicando que "esta chamada do papa Francisco foi a segunda tentativa, pois já tinha ligado antes, mas a doente não pudera atender", acho adorável o papa ligar e a pessoa não o poder atender,” o papa fez questão de ligar segunda vez, tão determinado estava em reconfortar esta imigrante e dizer-lhe que iria rezar por ela e a iria mencionar nas intenções da eucaristia". Obrigadinho, ó Chico, serviram de muito essas tuas rezas, se tu, que tens linha directa com o criador, não conseguiste fazer nada, imagina os outros, que apenas vão à missa e mais não sei o quê.

         Se alguma vez o papa vos ligar, digam que é engano, ou que têm sopa ao lume, ou o puto no banho. A malta lá do Charlie Hebdo devia fazer uma caricatura sobre isto, que assim sempre aliviava as acusações de perseguição ao profeta, com os resultados conhecidos. Da parte do Vaticano não há cá extremismos, que se saiba nunca se matou ninguém em nome de deus, ou se calhar já…

Civismo da treta.

Existem muitas maneiras de medir a cultura de um povo, diria Gandhi  “A educação de um povo avalia-se pelo modo como trata os animais”, esta é a abordagem humanista da coisa, mas eu acho que não, a melhor forma de medir a cultura/civismo de um povo é observando a forma como se movimentam em massa nos transportes públicos. Nas várias etapas, a entrada na estação/paragem, a utilização das escadas rolantes e outros meios de acesso, a entrada nos transportes, a forma como ocupam os espaços dentro dos mesmos, enfim, uma desgraça pegada.

Tudo, mas tudo é feito a pensar apenas no próprio umbigo, nas escadas rolante não se dá passagem a ninguém, nos outros acessos também não. Nas paragens de autocarro há sempre alguém que se tenta infiltrar na fila com aquele ar de despercebido, dentro do veículo servem-se indevidamente de lugares reservados, ocupam-se lugares com malas, sacos e mochilas, aglomeram-se passageiros na parte da frente ficando o autocarro vazio a trás, dificultando a entrada de novos passageiros, no metro, não sabem usar as escadas rolantes, amontoam-se na gare e quando finalmente chega o metropolitano, formam-se grupos de pessoas em frente às portas, impedindo e dificultando os passageiros que apenas querem sair de dentro da carruagem, no barco, 1 pessoa ocupa um banco de 3, com o barco a atracar, dá-se um fenómeno de aglomeração juntos às portas, de tal forma que o marinheiro mal tem condições para desempenhar a sua função, depois vem a saída absolutamente selvática a descer a prancha para depois se amontoarem nas rampas de acesso ao pontão, como se de um episódio do walking dead se tratasse, cambaleando ora na esquerda ora na direita, gordas com sacos que circulam em zig-zag nunca deixando espaço para uma ultrapassagem.

Depois há o terror, o apocalipse, o armagedão, só comparável com a grande migração dos gnus, que se dá quando chove, em que temos de juntar a tudo isto, gente a correr e um mar de guarda-chuvas que, ora abertos, ora fechados, são usados como se da Batalha das Termópilas se tratasse. Se não sabemos andar a pé, como raio querem que saibamos andar de carro???  

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

A arte de fingir

Muito já se escreveu sobre o facto das mulheres fingirem orgasmos, estudos e estudos, com estatísticas, causas, motivações e consequências, mas há sempre traços comuns que emergem de cada vez que este assunto é abordado, o homem, o incompetente, o insensível, o enganado, o apressado, o pobre coitado de ego frágil, o macho frio e implacável que não aceitaria o facto de não satisfazer a sua parceira. Fica muitas vezes no ar aquele aroma de poder e malícia feminina, pela forma como esta questão é atirada à cara dos homens, abanando-lhes a segurança e a virilidade, uma vingança mesquinha, visto que as vítimas maquilham-se de vilãs, não se sabe bem porquê e para quê.
As razões apontadas pelas fingidoras são sempre as mesmas:  

- Ele não sabe como se faz.  Pois bem, mas em vez de se fazer de vítima, que tal dar umas dicas, aposto que o rapaz teria todo o prazer em fazer a gosto.

- Ele não suportaria uma crítica. Não, se a crítica começar com “os outros homens…”, ou “o meu ex namorado fazia assim…”

- Não estava com disposição, quis despachar o mais rápido possível. Se não estava com disposição porque se deu à festa?

- Em 2 minutos não consigo ter um orgasmo. Mais uma vez, que tal falarem sobre o assunto?

- Quis satisfazer o meu parceiro. Mentindo? Podia-lo ter feito de forma bem mais criativa e com menos transtorno.

- Senti algum desconforto/dor durante o coito e quis acabar o mais rápido possível. A sério? Sexo com dor e mau estar? A bem do quê ou de quem?

- Senti-me insegura pelo facto de não conseguir atingir o orgasmo, como tal fingi. Esta é a causa mais plausível, o facto de a mulher não o conseguir, pode trazer insegurança à própria e ao parceiro, é serem honestos e continuarem a experimentar coisas diferentes, formas diferentes, etc…

O que nunca emana destes estudos é o facto dos homens também fingirem orgasmos. Hum? Pois, não se fala para não abanar a estrutura machista, mas este é um facto, senão vejamos: Orgasmo é a conclusão do ciclo de resposta sexual que corresponde ao momento de maior prazer sexual. O orgasmo pode ser detectado com a ejaculação na maioria das espécies de mamíferos masculinos. Na espécie humana, o orgasmo masculino nem sempre está acompanhado de ejaculação, podendo ocorrer o orgasmo sem ejaculação. E eu agora acrescento que pode ocorrer ejaculação sem orgasmo, sim, os homens também os fingem, a ejaculação pode acontecer como simples resposta física a um estímulo e até pode acontecer sem erecção. Os homens também têm dias maus, dias em que apetece pouco, dias em que o melhor é despachar as coisas rapidamente, dias em que não se chega lá de forma alguma e em que o melhor é dizer que se chegou e pronto. E para terminar deixo outro sub-tópico, por vezes o homem vem-se mas não foi a parceira que o fez vir, no original “just because he came doesn't mean you made him come”, os homens entendem perfeitamente o que isto quer dizer.      

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Somos todos Charlie, mas cada um à sua maneira


         Na marcha de líderes mundiais, em Paris, estiveram presentes uma carrada de líderes mundiais e/ou seus representantes, mas alguns, com um sentido de humor do caraças, estiveram ali só para o cenário, basta dizer que esteve lá o matulão de Israel, o artista da Palestina, malta da Turquia e da Rússia. Sobre estes 2 últimos, li hoje 2 notícias que estão claramente em linha com a tolerância e a liberdade de expressão, e mais não sei quê, ah e já me esquecia, os espanhóis também têm gente parva em barda, mais ou menos na mesma proporção que nós.
Divirtam-se.





Jihadistas à moda do Minho

              A Rádio Voz do Neiva, em Vila Verde, foi alvo de um ataque, na passada quinta-feira, dia 8, quando 2 indivíduos entraram nas instalações e, basicamente, partiram aquilo tudo, interrompendo logo a emissão, terão sido destruídos computadores, mesas de mistura, microfones, auscultadores e outros equipamentos do estúdio principal, noticiou o “Jornal” Sol.
         Esta notícia tem vários ingredientes dignos de destaque, primeiro é uma peça de elevado rigor jornalístico, como se pode ler “À hora do ataque, a meio da tarde desta quinta-feira…”, ficando o leitor a saber que a hora a que se deu o ataque foi exactamente entre as 14:30h e as 18h, mas tem mais coisas, segundo os responsáveis da rádio, esta notícia só foi do conhecimento do público a dia 10. E porquê? Porque não queriam que houvesse qualquer conotação com os acontecimentos de Paris, na Redacção do Charlie Hebdo. Dizem ainda os responsáveis da Rádio tratar-se de um claro ataque à liberdade de expressão” e que “A Rádio Voz do Neiva já incomoda muita gente”. A Rádio Voz do Neiva é uma das estações regionais com maior audiência no país e tem uma grande ligação às populações e aos emigrantes. A figura de proa da Rádio Voz do Neiva é a locutora Anabela Silva, conhecida na região do Minho por Menina da Rádio. Diz que fizeram um especial sobre enchidos de porco tradicionais e que receiam que, de alguma forma, isto possa ter irritado o profeta.

Privacidade concessionada

O Primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, anda muito preocupado com os serviços de comunicação que não podem ser controlados pelos governos, a saber, o whatsapp, o iMessage e o Snapchat, que são encriptados "No nosso país, será que queremos meios de comunicação interpessoal que nós não possamos ler?”, pergunta o David Cameron. Sim, claro que queremos. Ou já não queremos? No pós 11 de Setembro, a troco do falso sentimento de segurança, já abdicámos de muita da nossa privacidade, já que todos os telefonemas, sms, emails e tráfego na internet são espiolhados sem qualquer tipo de reserva, como fez questão de demonstrar o Edward Snowden, por isso ainda bem que temos estes serviços. Dizem os fanáticos da (falsa) segurança, “…mas assim os terroristas usam estes serviços para comunicar…”, pois, é isso é, mas é também uma ferramenta indispensável para que opositores e jornalistas em países ditatoriais e vítimas e testemunhas de crimes em qualquer local possam comunicar em segurança. Acho que este argumento é o que assusta realmente os governos, e também as companhias de telecomunicações que vendem menos minutos de chamadas. Ainda ontem éramos todos Charlie… 

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O Quarteto dos 3 irmãos Pedro e Paulo

      E pronto, como seria de esperar, aqueles que sempre semearam a xenofobia, a exclusão e o chauvinismo, já reagiram ao atentado, com a mesma leviandade que nos fez chegar a esta situação. A Sra. Le Pen veio a público levantar a bandeira da pena de morte, o que nestes momentos, em que as pessoas se sentem revoltadas e com medo é sempre muito útil e faz muito pela causa. Sempre que acontece algo que coloca em causa a nossa sensação de segurança, a extrema-direita entranha-se, nos mais variados sectores da sociedade e fá-lo sempre com grande eficácia, pois tem um sentido de oportunidade muito mais aguçado que a esquerda, seja qual for a natureza do crime, a extrema-direita cresce.

         A minha opinião sobre a pena de morte pouco ou nada importa, até porque está revestida de uma série de princípios e fins com os quais eu concordo e dos quais não abdico, mas neste caso específico, em que se fala de suposto terrorismo islâmico ou de um acto encomendado de forma a parecer terrorismo islâmico, falar em pena de morte não me parece muito eficaz, até porque falamos de grupos que têm à sua disposição um batalhão de suicidas, logo, não me parece que a pena de morte seja dissuasora de coisa alguma.

         Quando publiquei sobre o atentado, comecei por dizer: Partindo do pressuposto que não existe maquinação, orquestração ou instrumentalização de um qualquer governo “democrático” ou mesmo de uma qualquer agência de serviços secretos…”, desde o 9/11 que gosto sempre de fazer esta reserva, uma vez que nunca nada é só o que parece e as vezes não é mesmo nada do que parece. Não demorou mais que 2 dias para que o primeiro detalhe sórdido viesse a público, os terroristas foram identificados porque supostamente um deles se esqueceu do BI no citroen que usaram no atentado. A sério? Isto é tão credível como o FBI dizer que encontrou o passaporte do fulano que pilotou o avião contra o World Trade Center. O próximo governo francês será de extrema-direita.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

A normalidade

         A normalidade é uma coisa que me fascina, fascinam-me vidas normais, com hábitos normais, rotinas banais, desprovidas de poses, posses e artefactos, assim mesmo, do mais normalzinho que possa haver. Mas principalmente nas mulheres, adoro mulheres normais, sou um fã incondicional de mulheres normais, banais, não sou apreciador de mulheres que se hiper-produzem 365 dias por ano, daquelas que uma ida ao ginásio, à praia ou ao café, envolve o mesmo nível de produção, não acho piadinha nenhuma. Falta-lhes a genuinidade, a simplicidade, a sensualidade de alguém que, para além de ser bonita ou feia, gorda ou magra, alta ou baixa, pouco tem a provar e está muito bem com o que tem e com o que é, ou invés de se preocupar com o que quer parecer ser ou ter.

         Rios de desgosto e frustração correm por mulheres que não são como a boazona da revista ou da tv, embora se esforcem todos os dias para o ser, uma vida inteira de bases e maquilhagens, acessórios, artefactos, coisas que são puxadas para cima, outras que são apertadas, aconchegadas, contidas, realçadas e escondidas em nome de uma imagem que se fabrica e se sofre a cada milímetro, de volume, de cabelo, etc… Ser mulher nestas condições ou em condições parecidas é muito difícil, é caro e não acrescenta assim tanto valor quando elas julgam, pelo menos para mim. O mal de alguém que vive em permanente produção é que perde a capacidade de surpreender, perde naturalidade, sofre uma erosão na sua própria beleza, aquela que tão esforçadamente tenta manter, ampliar, fabricar e realçar. Não confundo uma mulher que se arranja, que se cuida, com as que se hiper produzem, mas até para andar arranjada e cuidada tem de haver mais qualquer coisa na equação, um je ne ce quoi que não vem com nenhum creme, mala ou sutiã, é intrínseco, tem a ver com o saber estar, com o sorriso, o olhar, a personalidade… quando não há esta base, a produção é forçada e o resultado raramente surte o devido efeito. Existe agora uma tendência entre as estrelas de Hollywood, que passa por deixarem-se fotografar sem maquilhagem, provando que elas e eles também são pessoas normais e em muitos casos, fartos de tanta produção e de uma imagem falsa. 

Não há nada mais excitante que assistir à metamorfose de uma mulher “normal” para uma mulher produzida e/ou sensual, a tal que num casamento passa de banal a deslumbrante, a que na praia passa de banal a agradável surpresa, a vizinha a quem nunca prestámos muita atenção e que naquele dia passou e fez um clic. Soubessem as mulheres que mais importante que as medidas é importante a atitude, a personalidade e a sensualidade e poupavam-se muitos desgostos, a todos.

Qual profeta ?

          Partindo do pressuposto que não existe maquinação, orquestração ou instrumentalização de um qualquer governo “democrático” ou mesmo de uma qualquer agência de serviços secretos e que este triste episódio assenta apenas numa base de estupidez e ódio, o que ontem aconteceu na redacção do Charlie Hebdo é absolutamente inaceitável e não deve de forma alguma fazer com que o medo reine em terrenos antes ocupados pela liberdade de expressão.

         O Jornal i, no dia seguinte a este atentado, produziu uma das mais brilhantes e acutilantes capas, mostrando a todos que de cada vez que somos obrigados a dar um passo atrás, nada mais nos resta que dar dois passos em frente. Parabéns.