Basta recuar 10 anos para perceber o que mudou. Em 2004,
quantos de nós, sentados numa esplanada, pegava no telemóvel e ligava a 150
amigos e conhecidos só para os avisar que naquele momento estava sentado numa
esplanada? Ou só para lhes dizer que quando saiu de casa, pela fresquinha,
estava a chover? Ou para dizer que estava a comer um peixe grelhado? Ou para
lhes dizer que estava naquele momento a contemplar os seus pés? Ou ainda para
lhes contar com todo o detalhe que o petiz estava a gatafunhar um papel com
marcadores? Ou para lhes dizer, com entoação profunda, que “a vida é como um
estrada e mais não sei o quê”? Ou para…acho que já perceberam a ideia.
A
verdade é que, actualmente é exactamente isto que acontece, chamem-lhe o que
quiserem, redes sociais ou outra porcaria qualquer, mas é isto que fazemos,
partilhamos toneladas de “informação” privada, que há bem pouco tempo, morreria
ali, ou seria oralmente transmitida a uma ou outra pessoa numa conversa
absolutamente banal e descomprometida, informação esta que não era anunciada
pela simples razão de não ter interesse absolutamente nenhum.
A malta que tinha 10 anos em 2004 (por exemplo) tem hoje 20 e um smartphone xpto que usa sem o mínimo pudor, segundo a premissa “quem não aparece, não existe”, então existe este esforço para aparecer e parecer. As pessoas sentem-se sós, deprimidas e/ou carentes? Eu Juntaria apenas a palavra “idiotas” e penso que teríamos uma mistura muito aproximada da realidade actual. Existe malta com piada, malta com interesse, que faz coisas, que pensa coisas e que vai a sítios interessantes, mas é claramente a minoria. Um casal que vai passar um fim-de-semana à Madeira e publica 25 fotos, tem de ser forçosamente um casal de idiotas.
A malta que tinha 10 anos em 2004 (por exemplo) tem hoje 20 e um smartphone xpto que usa sem o mínimo pudor, segundo a premissa “quem não aparece, não existe”, então existe este esforço para aparecer e parecer. As pessoas sentem-se sós, deprimidas e/ou carentes? Eu Juntaria apenas a palavra “idiotas” e penso que teríamos uma mistura muito aproximada da realidade actual. Existe malta com piada, malta com interesse, que faz coisas, que pensa coisas e que vai a sítios interessantes, mas é claramente a minoria. Um casal que vai passar um fim-de-semana à Madeira e publica 25 fotos, tem de ser forçosamente um casal de idiotas.
O
simples acto de na segunda-feira, à mesa do café, poder confidenciar a outra
pessoa, o que lhe aconteceu, onde foi, o que ficou a conhecer, o que correu bem
ou mal, o que recomenda ou apenas falar de um fim-de-semana em que não
aconteceu nada, uma pasmaceira, desapareceu, deixou de fazer sentido. Ao invés
disso, a ida ao café, o parque, a lareira, o raio do lombo de porco no formo
(com a legenda: “são servidos”), a distancia que correu e onde foi jantar, já
são do conhecimento de todos. Até as pessoas de quem sentíamos saudade, porque
já há uns tempos que não estávamos juntos, passam a estar artificialmente
presentes, já que mesmo sem estarmos juntos, vamos sabendo quase tudo o que se
vai passando nas suas vidas.
Tenho
pena que as coisas estejam assim, tenho pena que nos vamos entretendo com a virtualização
e banalização das nossas vidas e dos nossos sentimentos. Quão estúpidos
ficámos, ao ponto de se publicarem milhões de selfies after sex? Parvos da
merda!
Tanto desprezo pelas redes sociais! Concordo que há coisas muito parvas, mas partilhar fotos de coisas de que gostamos e queremos partilhar com outros (especialmente com aqueles que não vamos ver tão cedo, ou que nem moram no mesmo país que nós) não é totalmente parvo e as redes sociais servem também como forma de partilhar informações e experiências (é preciso é conseguir separar o bom do menos bom). Gostei deste cantinho. Vou continuar a acompanhar. ;) Beijinho
ResponderEliminarNada tenho contra as redes sociais, até porque as uso, apenas contra o mau uso. Temos amigos distantes, ou não, com quem queremos partilhar coisas, podemos usar as mensagens privadas, criar grupos, conversas de grupo, etc... Devemos, digo eu, manter recatada e exclusiva a nossa privacidade e a dos que estimamos, sob pena de criar até uma certa erosão na nossa própria identidade. Tenho dúvidas que uma ida a um restaurante, que até pode interessar a 2 ou 3 amigos, interesse aos outros 357, por exemplo. Obrigado pela visita, volta sempre que queiras, serás sempre bem vinda.
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